sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
ISTФ
DIZEM que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
NÃO MEU, não meu é quanto escrevo.
A quem o devo?
De quem sou o arauto nado?
Por que, enganado,
Julguei ser meu o que era meu?
Que outro mo deu?
Mas, seja como for, se a sorte
For eu ser morte
De uma outra vida que em mim vive,
Eu, o que estive
Em ilusão toda esta vida
Aparecida,
Sou grato Ao que do pó que sou
Me levantou.
(E me fez nuvem um momento
De pensamento.)
(Ao de quem sou, erguido pó,
Símbolo só.)
Fernando Pessoa
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
La Visita !
Que un ángel celestial me invite a cenar
Puede ser que no haya más allá
Que el cuento acabe mal y no vuelva a empezar.
Hoy ha venido a verme una mujer alta y sonriente(Me ha dicho) coge mi mano fuerte y sígueme
Puede ser que el cielo tenga mar
Que sea un buen lugar para verte llegar
También puede ser que no te vuelva a ver
Que tenga que sufrir mi destierro sin ti
Hoy ha venido a verme una mujer alta y sonriente(Me ha dicho) coge mi mano fuerte y sígueme
Vino vestida de blanco
Se sentó a mi lado y me hizo sonreír
Mientras aún tirabas tú de mí
Y antes de su beso eterno
Le pedí un deseo que pude cumplir
Deshojar la luna para mí
Y en el pétalo de la esperanza
Pude ver tu nombre y el de otra mujer
Suspiré tranquila serás feliz otra vez
Suelta ya mi mano, suelta ya mi mano
Suelta ya mi mano estaré bien
La Oreja de Van Gogh
terça-feira, 25 de novembro de 2008
UAH LUA !
Uah lúa, sagra lua
Uah branca, sagra lúa
Uah lúa, branca lúa
Uah sagra, branca lua
Collerei folla do visgo
É a noite de San Xoán
Brada o porco nos outeiros
Os carballos bruando están.
Bebe moza á meia noite
A frol da i'auga pura
Colle da herba preñadeira
Orballo para a fermosura
Alumean as fogueiras
As lembranzas do meu clan
Deses bravos q morreron
Por Kalaikia, seus irmáns
Luar Na Lubre
sábado, 22 de novembro de 2008
A CRUZ MUTILADA
Amo-te, ó cruz, no vértice, firmada
De esplêndidas igrejas;
Amo-te quando à noite, sobre a campa,
Junto ao cipreste alvejas;
Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos,
As preces te rodeiam;
Amo-te quando em préstito festivo
As multidões te hasteiam;
Amo-te erguida no cruzeiro antigo,
No adro do presbitério,
Ou quando o morto, impressa no ataúde,
Guias ao cemitério;
Amo-te, ó cruz, até, quando no vale
Negrejas triste e só,
Núncia do crime, a que deveu a terra
Do assassinado o pó:
Porém guando mais te amo,
Ó cruz do meu Senhor,
É, se te encontro à tarde,
Antes de o Sol se pôr,
Na clareira da serra,
Que o arvoredo assombra,
Quando à luz que fenece
Se estira a tua sombra,
E o dia últimos raios
Com o luar mistura,
E o seu hino da tarde
O pinheiral murmura.
ALEXANDRE HERCULANO
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
CAVALEIRO DE CRISTO!
Os Portugueses, senhores do campo, celebravam com prantos a vitória.
Poucos havia que não estivessem feridos; nenhum que não tivesse as armas
falsadas e rotas. O Lidador e os demais cavaleiros de grande conta que naquela
jornada tinham acabado, atravessados em cima dos ginetes, foram conduzidos a Beja. Após aquele tristíssimo préstito, iam os cavaleiros a passo lento, e um
sacerdote Templário, que fora na cavalgada, com a espada cheia de sangue metida
na bainha, salmodeava em voz baixa aquelas palavras do livro da Sabedoria:
"Justorum autem animae in manu Dei sunt, et non tangent illos tormentummortis".
Poucos havia que não estivessem feridos; nenhum que não tivesse as armas
falsadas e rotas. O Lidador e os demais cavaleiros de grande conta que naquela
jornada tinham acabado, atravessados em cima dos ginetes, foram conduzidos a Beja. Após aquele tristíssimo préstito, iam os cavaleiros a passo lento, e um
sacerdote Templário, que fora na cavalgada, com a espada cheia de sangue metida
na bainha, salmodeava em voz baixa aquelas palavras do livro da Sabedoria:
"Justorum autem animae in manu Dei sunt, et non tangent illos tormentummortis".
A Morte do Lidador - Alexandre Herculano
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
TRÉGUA
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
Já se ouve a cascata no monte menina, perto da gruta renasceu.
Já se ouve o murmurar do lago onde há pouco o luar, cansado adormeceu.
Vejo sombras calmas na montanha menina, sonho o teu corpo a naufragar.
Já perdi o medo do tempo que é tempo de perder, com medo de te amar.
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
Já se ouve a cascata no monte menina, perto da gruta renasceu.
Já se ouve o murmurar do lago onde há pouco o luar, cansado adormeceu.
Deixa que os cavalos se afastem menina, já não vês lanças a brilhar.
Agora que a noite nos deu trégua, é tempo de uma noite, sem trégua para te amar.
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
QUADRILHA - letra
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
Já se ouve a cascata no monte menina, perto da gruta renasceu.
Já se ouve o murmurar do lago onde há pouco o luar, cansado adormeceu.
Vejo sombras calmas na montanha menina, sonho o teu corpo a naufragar.
Já perdi o medo do tempo que é tempo de perder, com medo de te amar.
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
Já se ouve a cascata no monte menina, perto da gruta renasceu.
Já se ouve o murmurar do lago onde há pouco o luar, cansado adormeceu.
Deixa que os cavalos se afastem menina, já não vês lanças a brilhar.
Agora que a noite nos deu trégua, é tempo de uma noite, sem trégua para te amar.
Agora a noite é nossa, fala baixo oh borboleta, findaram os combates nas ruínas.
Entrega ao arvoredo a cor que é do teu corpo, abandona os mistérios de menina.
QUADRILHA - letra
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
ANJO ÉS
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.
Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não têm.
- Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste De Jeová ou Belzebu?
Não respondes - e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito Que foi?...
- Lágrima? - Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera...
Dou-me, Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá...
De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?
Almeida Garrett, 'Folhas Caídas'
terça-feira, 11 de novembro de 2008
S. MARTINHO
Martinho era um soldado romano. Num dia de Inverno, passava Martinho a cavalo por Amiens quando foi interrompido na sua marcha por um pobrezinho, tiritando de frio, que lhe pediu esmola.
Martinho não tinha trocos.
Martinho não tinha trocos.
Decidiu--se, então, por dividir a magnífica capa vermelha com que se abrigava da intempérie.
Com a sua espada cortou-a de um golpe, deu metade da capa ao sem--abrigo e logo o Sol despontou com tal intensidade que mais parecia estar-se no Verão.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
ROSA EXCELSIS
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
JESUS CRISTO
JESUS CRISTO
É MAIS FÁCIL FAZER PASSAR UMA CORDA PELO FUNDO DE UMA AGULHA, DO QUE UM HOMEM RICO ENTRAR NO REINO DOS CÉUS...
QUANDO TUDO ACONTECEU...
Nasce, em Belém. Correm profecias de que ele é o Cristo, o Messias, o futuro rei dos Hebreus. Em consequência, Herodes manda matar todas as crianças daquela cidade. A família de Jesus foge para o Vale do Nilo. - c.2 a.C.: Morre Herodes. A família de Jesus regressa à Galileia. - c.1: Jesus, menino, discute o Reino de Deus com os rabinos da Sinagoga. - 18: Caifás, sumo-sacerdote em Jerusalém. - c.24: No rio Jordão o profeta João baptiza Jesus. Este inicia a sua pregação pela Galileia e Jerusalém. É hostilizado pelas autoridades religiosas. - 25: Pôncio Pilatos procurador romano da Judeia. - c.30: Jesus é traído por Judas Iscariote, seu discípulo. É entregue às autoridades religiosas hebraicas e depois a Pôncio Pilatos. É condenado, flagelado e crucificado. Morre no monte Gólgota. Correm rumores da sua posterior ressurreição
É MAIS FÁCIL FAZER PASSAR UMA CORDA PELO FUNDO DE UMA AGULHA, DO QUE UM HOMEM RICO ENTRAR NO REINO DOS CÉUS...
QUANDO TUDO ACONTECEU...
Nasce, em Belém. Correm profecias de que ele é o Cristo, o Messias, o futuro rei dos Hebreus. Em consequência, Herodes manda matar todas as crianças daquela cidade. A família de Jesus foge para o Vale do Nilo. - c.2 a.C.: Morre Herodes. A família de Jesus regressa à Galileia. - c.1: Jesus, menino, discute o Reino de Deus com os rabinos da Sinagoga. - 18: Caifás, sumo-sacerdote em Jerusalém. - c.24: No rio Jordão o profeta João baptiza Jesus. Este inicia a sua pregação pela Galileia e Jerusalém. É hostilizado pelas autoridades religiosas. - 25: Pôncio Pilatos procurador romano da Judeia. - c.30: Jesus é traído por Judas Iscariote, seu discípulo. É entregue às autoridades religiosas hebraicas e depois a Pôncio Pilatos. É condenado, flagelado e crucificado. Morre no monte Gólgota. Correm rumores da sua posterior ressurreição
NATAL
Natal...
Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
FERNANDO PESSOA, 30 de Dezembro de 1928
Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
FERNANDO PESSOA, 30 de Dezembro de 1928
COMPAIXÃO PERVERSA !
O prazer de maltratar outrém é distinto da crueldade. Esta consiste em encontrar satisfação na compaixão, e atinge o ponto culminante quando a compaixão chega a extremos, como quando maltratamos os que amamos; todavia, se fosse alguém, que não nós, a magoar os que amamos, então ficávamos furiosos, e a compaixão tornar-se-nos-ia dolorosa; mas somos nós a amá-los e somos nós a magoá-los... A compaixão exerce uma infinita atenção: a contradição de dois instintos fortes e opostos actua em nós como atractivo supremo. (...) A crueldade e o prazer da compaixão: A compaixão aumenta quanto mais conhecemos e mais amamos intensamente quem é objecto dela. Portanto, aquele que trata com crueldade o objecto do seu amor retira da crueldade - que amplia a compaixão - a máxima satisfação. Quando, acima de tudo, nos amamos a nós próprios, o maior prazer que encontramos - por meio da compaixão - pode levar-nos a mostrarmo-nos cruéis para connosco. Heróico da nossa parte é o esforço de completa identificação com aquilo que nos é contrário. A metamorfose do Diabo em Deus representa esse grau de crueldade.
Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'
terça-feira, 28 de outubro de 2008
FRATERNITATIS !
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
O Guardador de Rebanhos – Alberto Caeiro
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
DESASSOSSEGO!
E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância – irmãos siameses que não estão pegados.
Livro do Desassossego – Bernardo Soares – F.PESSOA
Livro do Desassossego – Bernardo Soares – F.PESSOA
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Spírito na Palavra!
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Canto dos Espíritos sobre as Águas
A alma do homem
É como a água: Do céu vem, Ao céu sobe,
E de novo tem Que descer à terra,
Em mudança eterna.
Corre do alto Rochedo a pino O veio puro,
Então em belo Pó de ondas de névoa
Desce à rocha lisa,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.
Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
— Vai, 'spúmando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo.
No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.
Vento é da vaga O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas 'spumantes.
Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!
Johann Wolfgang von Goethe - "Poemas"
É como a água: Do céu vem, Ao céu sobe,
E de novo tem Que descer à terra,
Em mudança eterna.
Corre do alto Rochedo a pino O veio puro,
Então em belo Pó de ondas de névoa
Desce à rocha lisa,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.
Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
— Vai, 'spúmando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo.
No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.
Vento é da vaga O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas 'spumantes.
Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!
Johann Wolfgang von Goethe - "Poemas"
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Hino ao Criador do Universo - Salmo 104
1Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!
SENHOR, meu Deus, como Tu és grande!
Estás revestido de esplendor e majestade!
2Estás envolto num manto de luz
e estendeste os céus como um véu.
3Fixaste sobre as águas a tua morada,
fazes das nuvens o teu carro,
caminhas sobre as asas do vento.
4Fazes dos ventos teus mensageiros,
e dos relâmpagos, teus ministros.
5Fundaste a terra sobre bases sólidas,
ela mantém-se inabalável para sempre.
6Tu a cobriste com o manto do abismo
e as águas cobriram as montanhas;
7mas, à tua ameaça, elas fugiram,
ao fragor do teu trovão, estremeceram.
8Ergueram-se as montanhas, cavaram-se os vales
nos lugares que lhes determinaste.
9Puseste limites às águas, para não os ultrapassarem,
e nunca mais voltarem a cobrir a terra.
10Transformas as fontes em rios,
que serpenteiam entre as montanhas.
11Eles dão de beber a todos os animais selvagens,
neles matam a sede os veados dos montes.
12Os pássaros do céu vêm morar nas suas margens;
ali chilreiam entre a folhagem.
13Das tuas altas moradas regas as montanhas;
com a bênção da chuva sacias a terra.
14Fazes germinar a erva para o gado
e as plantas úteis para o homem,
para que da terra possa tirar o seu alimento:
15o vinho, que alegra o coração do homem,
o azeite, que lhe faz brilhar o rosto,
e o pão, que lhe robustece as forças.
16Matam a sua sede as árvores do SENHOR,
os cedros do Líbano que Ele plantou.
17Nelas fazem ninho as aves do céu;
a cegonha constrói a sua casa nos ciprestes.
18Os altos montes são abrigo para as cabras,
e os rochedos, para os animais roedores.
19A Lua cumpre as várias estações
e o Sol conhece o seu ocaso.
20Tu estendes as trevas e faz-se noite,
nela vagueiam todos os animais da selva.
21Rugem os leões em busca da presa,
pedindo a Deus o seu alimento.
22Mas, ao nascer do Sol, logo se retiram,
para se recolherem nos seus covis.
23Então o homem sai para o trabalho
e moureja até anoitecer.
24SENHOR, como são grandes as tuas obras!
Todas elas são fruto da tua sabedoria!
A terra está cheia das tuas criaturas!
25Lá está o mar, grande e vasto,
onde se agitam inúmeros seres,
animais grandes e pequenos.
26Nele passam os navios e ainda o Leviatan,
monstro que Tu criaste, para ali brincar.
27Todos esperam de ti
que lhes dês comida a seu tempo.
28Dás-lhes o alimento, que eles recolhem,
abres a tua mão e saciam-se do que é bom.
29Se deles escondes o rosto, ficam perturbados;
se lhes tiras o alento, morrem
e voltam ao pó donde saíram.
30Se lhes envias o teu espírito, voltam à vida.
E assim renovas a face da terra.
31Glória ao SENHOR por toda a eternidade!
Que o SENHOR se alegre em suas obras!
32Ele olha para a terra e ela estremece,
toca nos montes e eles fumegam.
33Cantarei ao SENHOR, enquanto viver;
louvarei o meu Deus, enquanto existir.
34Que o meu cântico lhe seja agradável,
pois no SENHOR encontro a minha alegria.
35Desapareçam da terra os pecadores!
Os ímpios deixem de existir!
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!
Aleluia!
SENHOR, meu Deus, como Tu és grande!
Estás revestido de esplendor e majestade!
2Estás envolto num manto de luz
e estendeste os céus como um véu.
3Fixaste sobre as águas a tua morada,
fazes das nuvens o teu carro,
caminhas sobre as asas do vento.
4Fazes dos ventos teus mensageiros,
e dos relâmpagos, teus ministros.
5Fundaste a terra sobre bases sólidas,
ela mantém-se inabalável para sempre.
6Tu a cobriste com o manto do abismo
e as águas cobriram as montanhas;
7mas, à tua ameaça, elas fugiram,
ao fragor do teu trovão, estremeceram.
8Ergueram-se as montanhas, cavaram-se os vales
nos lugares que lhes determinaste.
9Puseste limites às águas, para não os ultrapassarem,
e nunca mais voltarem a cobrir a terra.
10Transformas as fontes em rios,
que serpenteiam entre as montanhas.
11Eles dão de beber a todos os animais selvagens,
neles matam a sede os veados dos montes.
12Os pássaros do céu vêm morar nas suas margens;
ali chilreiam entre a folhagem.
13Das tuas altas moradas regas as montanhas;
com a bênção da chuva sacias a terra.
14Fazes germinar a erva para o gado
e as plantas úteis para o homem,
para que da terra possa tirar o seu alimento:
15o vinho, que alegra o coração do homem,
o azeite, que lhe faz brilhar o rosto,
e o pão, que lhe robustece as forças.
16Matam a sua sede as árvores do SENHOR,
os cedros do Líbano que Ele plantou.
17Nelas fazem ninho as aves do céu;
a cegonha constrói a sua casa nos ciprestes.
18Os altos montes são abrigo para as cabras,
e os rochedos, para os animais roedores.
19A Lua cumpre as várias estações
e o Sol conhece o seu ocaso.
20Tu estendes as trevas e faz-se noite,
nela vagueiam todos os animais da selva.
21Rugem os leões em busca da presa,
pedindo a Deus o seu alimento.
22Mas, ao nascer do Sol, logo se retiram,
para se recolherem nos seus covis.
23Então o homem sai para o trabalho
e moureja até anoitecer.
24SENHOR, como são grandes as tuas obras!
Todas elas são fruto da tua sabedoria!
A terra está cheia das tuas criaturas!
25Lá está o mar, grande e vasto,
onde se agitam inúmeros seres,
animais grandes e pequenos.
26Nele passam os navios e ainda o Leviatan,
monstro que Tu criaste, para ali brincar.
27Todos esperam de ti
que lhes dês comida a seu tempo.
28Dás-lhes o alimento, que eles recolhem,
abres a tua mão e saciam-se do que é bom.
29Se deles escondes o rosto, ficam perturbados;
se lhes tiras o alento, morrem
e voltam ao pó donde saíram.
30Se lhes envias o teu espírito, voltam à vida.
E assim renovas a face da terra.
31Glória ao SENHOR por toda a eternidade!
Que o SENHOR se alegre em suas obras!
32Ele olha para a terra e ela estremece,
toca nos montes e eles fumegam.
33Cantarei ao SENHOR, enquanto viver;
louvarei o meu Deus, enquanto existir.
34Que o meu cântico lhe seja agradável,
pois no SENHOR encontro a minha alegria.
35Desapareçam da terra os pecadores!
Os ímpios deixem de existir!
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!
Aleluia!
REI DAVID
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Cântico das Criaturas
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas, especialmente o senhor irmão Sol, que clareia o dia e que, com a sua luz, nos ilumina.
Ele é belo e radiante, com grande esplendor;
de Ti, Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua e pelas estrelas, que no céu formaste, claras. preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor.
pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens, pelo sereno e por todo o tempo em que dás sustento às Tuas criaturas.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, útil e humilde, preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, com o qual iluminas a noite.
Ele é belo e alegre, vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, produz frutos diversos, flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam pelo Teu amor e suportam as enfermidades e tribulações.
Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.
Louvai todos e bendizei o meu Senhor!
Dai-Lhe graças e servi-O com grande humildade!
Francisco de Assis
Francisco de Assis
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
HINO
"Criador da semente na mulher,
Tu que produzes o sémen no homem,
Que dás vida ao filho no seio materno,
Que o acalentas para que não chore,
Que o amamentas ainda no seio,
Que dás respiração para fazer viver tudo o que crias!
Quando ele sai das entranhas para começar a respirar, no dia em que nasceu, tu abriste-lhe a sua boca completamente.
Provês as suas necessidades.
Quando o pintainho no ovo pia dentro da sua casca, dás-lhe o sopro lá dentro para ele se manter.
Quando lhe dás força dentro do ovo, para partir a casca, ele sai do ovo e pia quando é chegado o tempo.
Ele caminha pelas suas patas quando sai de lá.
Inumeráveis são os teus actos!
Eles estão escondidas da face do homem.
Ó Deus único, pois não há outro!
Solitário em espírito tu formas a terra.
Os homens, gado, os pequenos animais e animais selvagens.
Tudo o que há sobre a terra e se movimenta sobre pés
O que está no alto e voa com as suas asas."
Hino ao Sol de Akhenaton (excerto)
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Lux ao Spírito da Carla F.!
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Flama Veritatis!
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Nunca Só!
Uma noite tive um sonho...
Sonhei que andava a passear na praia com o Senhor, e, no firmamento, passavam cenas da minha vida.
Após cada cena que passava, percebi que ficavam dois pares de pegadas na areia: umas as minhas e as outras eram do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver.
Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao meu Senhor:- Senhor: Tu disseste-me que, uma vez que resolvi seguir-Te, Tu andarias sempre comigo, em todos os caminhos.
Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia.
Não compreendo porque é que, nas horas em que eu mais precisava de Ti, Tu me deixaste sozinha.
O Senhor respondeu-me:- Minha querida filha, jamais te deixaria nas horas de prova e de sofrimento.
Quando viste na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas.
Foi exactamente nesses momentos que eu andei contigo ao colo.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
A PALAVRA !
«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.»
Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.»
Respondeu-lhe o centurião:«Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado.
Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: 'Vai', e ele vai; a outro: 'Vem', e ele vem; e ao meu servo: 'Faz isto', e ele faz.»
Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé!
Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu, ao passo que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.»
Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.»
Naquela mesma hora, o servo ficou curado.
(Lc 7,1-10; Jo 4,46-54)
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
QUASE
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...
-----------------------------------------------
-----------------------------------------------
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Mário de Sá-Carneiro
quinta-feira, 24 de julho de 2008
De Corpo e Alma
quarta-feira, 23 de julho de 2008
N::D::N::S::D::
Serenidade
Pax!
Silêncio!
Necessidade de um Momento
De comigo star!
Transformar o pensamento
( puro sangue indomável que o Tempo e Espaço desconhece )
em sossego...
por um instante!
Toma conta de mim
O Outro Eu profundo
Revelando o Tédio do Mundo
Onde imperam os deuses
De perfil definido!
Toma Conta de mim
Spirito
anima mea!
(Que me não pertences)
Leva-me ao Reino do Amor
Ao Indefinido!
Pax!
Silêncio!
Necessidade de um Momento
De comigo star!
Transformar o pensamento
( puro sangue indomável que o Tempo e Espaço desconhece )
em sossego...
por um instante!
Toma conta de mim
O Outro Eu profundo
Revelando o Tédio do Mundo
Onde imperam os deuses
De perfil definido!
Toma Conta de mim
Spirito
anima mea!
(Que me não pertences)
Leva-me ao Reino do Amor
Ao Indefinido!
N::D::N::S::D::
sexta-feira, 18 de julho de 2008
SIMPLICIDADE !
quinta-feira, 17 de julho de 2008
terça-feira, 15 de julho de 2008
N::D::N::S::D::
SOSSEGO
Stou não stando!
Corpo em Sossego
desassossegado de meu Spirito
Que livre Te quer reencontrar
Quer Voar
Voar!
Convulsão interna,
Atroz
Que o opaco corpo reprime
Tolhe
Aprisiona!
Sei ( Spirito ) de um Ser Maior
Que numa Flor pode Star
Mas meu corpo,
(mortalha viva, enquanto vive)
Nega
Inoculando Dor.
Mas quem Tu És
(Sempre Serás)
Com o Spirito
Sei
Vencerás
E
Sei
Em Teu Amor
( Meu regaço)
Sossego meu
Como Flor Tua
No Todo
Me Cuidarás!
N::D::N::S::D::
Stou não stando!
Corpo em Sossego
desassossegado de meu Spirito
Que livre Te quer reencontrar
Quer Voar
Voar!
Convulsão interna,
Atroz
Que o opaco corpo reprime
Tolhe
Aprisiona!
Sei ( Spirito ) de um Ser Maior
Que numa Flor pode Star
Mas meu corpo,
(mortalha viva, enquanto vive)
Nega
Inoculando Dor.
Mas quem Tu És
(Sempre Serás)
Com o Spirito
Sei
Vencerás
E
Sei
Em Teu Amor
( Meu regaço)
Sossego meu
Como Flor Tua
No Todo
Me Cuidarás!
N::D::N::S::D::
quarta-feira, 9 de julho de 2008
SPIRITO
quarta-feira, 2 de julho de 2008
GUERREIRO DA LUX
Para o guerreiro, não existe amor impossível. Ele não se deixa intimidar
pelo silencio, pela indiferença, ou pela rejeição. Sabe que - atrás da máscara de gelo que as pessoas usam - existe um coração de fogo.
Por isso o guerreiro arrisca mais que os outros. Busca incessantemente o amor de alguém - mesmo que isto signifique escutar muitas vezes a palavra "não", voltar para casa derrotado, sentir-se rejeitado em corpo e alma. Um guerreiro não se deixa assustar quando busca o que precisa. Sem amor, ele não é nada.
Por isso o guerreiro arrisca mais que os outros. Busca incessantemente o amor de alguém - mesmo que isto signifique escutar muitas vezes a palavra "não", voltar para casa derrotado, sentir-se rejeitado em corpo e alma. Um guerreiro não se deixa assustar quando busca o que precisa. Sem amor, ele não é nada.
Paulo Coelho - «Manual do Guerreiro da Luz»
segunda-feira, 30 de junho de 2008
segunda-feira, 23 de junho de 2008
sexta-feira, 20 de junho de 2008
FELICIDADE
sexta-feira, 13 de junho de 2008
PESSOA vence a Morte!
Fernando Pessoa ( Fernando António Nogueira Pessoa ), nasceu, em Lisboa, a 13 de Junho de 1888, às quinze horas e vinte minutos, com o Sol em Gémeos.
O nome António deve-se ao facto de ter nascido no mesmo dia e mês do Santo mais popular da capital.
« Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus. »
Fernando Pessoa
O nome António deve-se ao facto de ter nascido no mesmo dia e mês do Santo mais popular da capital.
« Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus. »
Fernando Pessoa
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.
Ricardo Reis
sexta-feira, 6 de junho de 2008
GIOVANNI PAPINI
Venda da Alma e Venda do Corpo
Não só as mulheres que casam sem amor, mas apenas por conveniência; não só as esposas que continuam a comer o pão daquele que já não amam e enganam; não só as mulheres se prostituem. É prostituto o escritor que coloca a pena ao serviço das ideias em que não crê; o advogado que defende causas que reconhece injustas; quem finge a adesão aos mitos e interesses dos poderosos para obter recompensas materiais e morais; o actor e o bobo que se expõem diante dos idiotas pagantes para arrecadar aplausos e dinheiro; o poeta que abre aos estranhos os segredos da sua alma, amores e melancolias, para obter em compensação um pouco de fama, de dinheiro ou de compaixão; e, acima de tudo, é prostituto o político, o demagogo, o tribuno que todos devem acariciar, seduzir, a todos promete favores e felicidade e a todos se entrega por amor à popularidade - justamente chamado homem público, quase irmão de toda a mulher pública.Mas quem de entre nós, pelo menos um dia da sua vida, não simulou um sentimento que não tinha e um entusiasmo que não sentia e repetiu uma opinião falsa para obter compensações, cumplicidades, sorrisos ou benefícios? Quem dá uma parte de si por vantagens pessoais prostitui-se como a mulher que atribui um preço à sua docilidade. Mas a prostituição da alma praticada pelos homens é mais ignominiosa do que a do corpo, e mais irremissível.
Não só as mulheres que casam sem amor, mas apenas por conveniência; não só as esposas que continuam a comer o pão daquele que já não amam e enganam; não só as mulheres se prostituem. É prostituto o escritor que coloca a pena ao serviço das ideias em que não crê; o advogado que defende causas que reconhece injustas; quem finge a adesão aos mitos e interesses dos poderosos para obter recompensas materiais e morais; o actor e o bobo que se expõem diante dos idiotas pagantes para arrecadar aplausos e dinheiro; o poeta que abre aos estranhos os segredos da sua alma, amores e melancolias, para obter em compensação um pouco de fama, de dinheiro ou de compaixão; e, acima de tudo, é prostituto o político, o demagogo, o tribuno que todos devem acariciar, seduzir, a todos promete favores e felicidade e a todos se entrega por amor à popularidade - justamente chamado homem público, quase irmão de toda a mulher pública.Mas quem de entre nós, pelo menos um dia da sua vida, não simulou um sentimento que não tinha e um entusiasmo que não sentia e repetiu uma opinião falsa para obter compensações, cumplicidades, sorrisos ou benefícios? Quem dá uma parte de si por vantagens pessoais prostitui-se como a mulher que atribui um preço à sua docilidade. Mas a prostituição da alma praticada pelos homens é mais ignominiosa do que a do corpo, e mais irremissível.
Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'
terça-feira, 3 de junho de 2008
PENSAR
Pense por si Próprio
Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura. já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.
Agostinho da Silva, in 'Cartas a um Jovem Filósofo'
quarta-feira, 28 de maio de 2008
VIDA
Mi Vida Entera
.
Aqui otra vez, los labios memorables, unico y
semejante a vosotros.
Soy esa torpe intensidad que es un alma.
He persistido en la aproximacion de la dicha y
en la privanza del pesar.
He atravesado el mar.
He conocido muchas tierras; he visto una mujer
y dos o tres hombres.
He querido a una nina altiva y blanca y de una
hispanica quietud.
He visto un arrabal infinito donde se cumple una
insaciada inmortalidad de ponientes.
He paladeado numerosas palabras.
Creo profundamente que eso es todo y que ni veré
ni ejecutaré cosas nuevas.
Creo que mis jornadas y mis noches se igualan en
pobreza y en riqueza a las de Dios y a las
de todos los hombres.
JORGE LUIS BORGES
.
Aqui otra vez, los labios memorables, unico y
semejante a vosotros.
Soy esa torpe intensidad que es un alma.
He persistido en la aproximacion de la dicha y
en la privanza del pesar.
He atravesado el mar.
He conocido muchas tierras; he visto una mujer
y dos o tres hombres.
He querido a una nina altiva y blanca y de una
hispanica quietud.
He visto un arrabal infinito donde se cumple una
insaciada inmortalidad de ponientes.
He paladeado numerosas palabras.
Creo profundamente que eso es todo y que ni veré
ni ejecutaré cosas nuevas.
Creo que mis jornadas y mis noches se igualan en
pobreza y en riqueza a las de Dios y a las
de todos los hombres.
JORGE LUIS BORGES
sexta-feira, 23 de maio de 2008
ROSEAE CRUCIS
quarta-feira, 21 de maio de 2008
AGOSTINHO DA SILVA
Não há nenhuma vida verdadeiramente intelectual em que a polémica não seja um acidente, um desnível entre o engenho e a cultura adquirida, por um lado, e, por outro, o meio ambiente; o pensador não é, por estrutura, polemista, embora não fuja ante a polémica, nem a considere inferior; o seu domínio é no campo da paz, não entre os instrumentos de guerra; quando a batalha se oferece sabe, como o filósofo antigo, marchar com a calma e a severa repressão dos instintos que o mundo inteiro, ante a sua profissão, tem o direito de exigir; o seu dever de cidadão impõe-lhe que tome, ao ecoar da voz bárbara, a lança que defende as oliveiras sagradas e os rítmicos templos. A sua linha, porém, o fio de cumeadas por que se alongam os seus passos melhores comportam apenas uma invenção superadora, um perpétuo oferecer aos seus amigos humanos de toda a descoberta possibilidade de um caminho mais belo e mais nobre. Vê-se como um guia e um observador de horizontes que se estendam para além dos limites do mar e dos limites do céu; a sua missão é a de pôr ao alcance de todos os que novamente contemplaram os seus olhos e de os ajudar a percorrer a estrada que abriu ou desvendou; com toda a humildade, todo o carinho que provêm de ter medido a imensa distância que ainda o separa de Deus e de ter aprofundado a tristeza e a treva em que se debatem e se amesquinham seus irmãos; inteligência e caridade não andam longe uma da outra quando são ambas verdadeiras.
Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
sexta-feira, 16 de maio de 2008
IMPÉRIO QUINTO
O Grande Mito Nacional
Há uma espécie de propaganda com que se pode levantar o moral de uma nação - a construção ou renovação e a difusão consequente e multímoda de um grande mito nacional. De instinto, a humanidade odeia a verdade, porque sabe, com o mesmo instinto, que não há verdade, ou que a verdade é inatingível. O mundo conduz-se por mentiras; quem quiser despertá-lo ou conduzi-lo terá que mentir-lhe delirantemente, e fá-lo-á com tanto mais êxito quanto mais mentir a si mesmo e se compenetrar da verdade da mentira que criou. Temos, felizmente, o mito sebastianista, com raízes profundas no passado e na alma portuguesa. Nosso trabalho é pois mais fácil; não temos que criar um mito, senão que renová-lo. Comecemos por nos embebedar desse sonho, por o integrar em nós, por o incarnar. Feito isso, por cada um de nós independentemente e a sós consigo, o sonho se derramará sem esforço em tudo que dissermos ou escrevermos, e a atmosfera estará criada, em que todos os outros, como nós, o respirem. Então se dará na alma da nação o fenómeno imprevisível de onde nascerão as Novas Descobertas, a Criação do Mundo Novo, o Quinto Império. Terá regressado El-Rei D. Sebastião.
Fernando Pessoa, in 'Resposta do Inquérito «Portugal, Vasto Império»'
terça-feira, 13 de maio de 2008
SALVE REGINA
Ad te clamamus, exsules filii Evæ.
Ad te suspiramus gementes et flentesin hac lacrimarum valle.
Eia ergo, advocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos converte.
Et Jesum, benedictum fructum ventris tui,nobis post hoc exsilium, ostende.
O clemens, o pia, o dulcisVirgo Maria!
Ora pro nobis, sancta Dei Genitrix, ut digni efficiamur promissionibus Christi.
Amen.
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