Sou eu a
paisagem do teu rosto
O reflexo
do teu olhar brando
As minhas
sombras negras da tarde
Diluem-se
na tua presença,
És tu,
toda a evidência da minha presença,
Suspenso…prevaricando coisas banais
Dando
alguma coerência à minha vivência abstracta
És tu o
barqueiro surdo a ouvir o rio
Eu apenas
preencho as suas margens
Levas-me
pelas águas solitárias que a nada me conduzem,
São todas
elas pegadas da tua vida anterior
Estás ali
deitado com o teu olhar vago; o que foste, o que és, o que serás…
Sentado à
beira
Cheirava
o começo da maresia
O teu
rosto desenhava-se
As tuas
feições apagavam-se na areia molhada…
Um dia
serás apenas eu,
E a tua
presença será uma ilusão,
Serei eu
o prolongamento dos teus ramos infinitos
Com eles
abraças-me na eternidade…
Um beijo
meigo florescia no meu rosto
Uma brisa
fresca pairava no ar
A mesma
brisa que um dia te vira nascer…
Continuarás
a ser meu Pai,
Passarás
o rio a correr dando-me expressões sinceras
Continuarás
para sempre vivo no espaço
Em todas
as coisas que me façam pensar,
Mais que
a morte e que a vida
Mais que
esses paradoxos de vivência
Estás tu
meu Pai,
Frágil,
para seres real…
Presente,
para que possa sentir a tua ausência…
C de C per il padre